Folhas Soltas

segunda-feira, maio 28, 2007

A minha mãe e as suas pérolas

O puto, com os seus singelos 11 anos, discursava à hora da refeição sobre a economia em Portugal, aquele tipo de conversa que até eu aos 21 anos, volta e meia, acho enfadonha. Mas ele afirmava a sua posição enquanto comparava os preços do mercado. Nisto diz ele sem me deixar interromper:
Sabes quanto custou esta miniatura de 'skate'? Dez euros! E sabes quem costuma brincar com isto? Os gajos de Belas Artes.
E pergunto eu: Os gajos?!?!
(ele dá um ar de graça de puto rebelde...)
E colmata a minha mãe (percebendo que eu não gostara da conotação): Os Srs. Doutores...estudantes...extravagantes!

quinta-feira, maio 24, 2007

Coisas da Vida III

E a saga continua...

Após ter feito a participação no dia do assalto dirigi-me à 8.ª esquadra com a intenção de levantar o Auto da participação (para pelo menos contar para estatística... :-S). Chegando à esquadra dirigi-me ao único agente (no meio de 5 que estavam com as mãos ocupadas a segurar qualquer coisa) disponível. Era um quarentão morenaço com uma voz de arrepiar qualquer pelinho do meu corpo. Transpirava sedução naquela voz grave:

Sr. Agente da Autoridade - Faça Favor.

Eu - Vinha levantar um Auto de uma participação que fiz ontem referente a um furto.

Sr. Agente da Autoridade - (seco) Vai ter de esperar.

Eu - (meia indignada) Está bem.

Estava uma cidadã Brasileira a apresentar queixa de um furto de um portátil e o prezado Sr. Agente da Autoridade a tratar do caso... Na sua pachorrenta calma o Sr. Agente ia fazendo a participação enquanto perguntava pelo menos umas 5 vezes os mesmos dados à senhora. O nome da caipira era pouco comum e de difícil percepção para o nosso prezado Agente. Mesmo quando ela o soletrava.
Com a participação redigida e impressa, o agente dirige-se a ela e pede para assinar e confirmar os dados. É aí que a caipira o chama à atenção mais uma vez para o nome que está mal-escrito. Resposta pronta do bem-instruído Sr. Agente da Autoridade:

Vocês brasileiros têm... (grunhidos incompreensíveis).

Confesso que quase corei de vergonha do que ouvia da boca de um Polícia de Segurança Pública detentor da voz mais sedutora que já ouvi. E assim, como diria uma amiga, levou a etiqueta no pezinho...

quarta-feira, maio 23, 2007

Coisas da Vida II

Imaginem com os demais pormenores as situações abaixo descritas:

1.º - Terem a máxima precaução a conduzir num dia chuvoso e chegar a uma recta, dentro dos limites de velocidade, e terem um acidente na auto-estrada por causa de uma poça de óleo. Juntem a isso o embate noutra viatura, umas voltinhas em torno do eixo do carro e mais dois acidentes com terceiros no mesmo local, com lugar de plateia na 1.ª fila;

2.º - Chegarem ao local onde tinham deixado o carro BEM-ESTACIONADO e terem o carro amolgado da traseira até à frente, não escapando um milímetro. O autor da obra fora um motorista da STCP que achou por bem amolgá-lo já que não passava. Posto isto seguiu caminho como se tivesse acabado de matar um mosquito;

3.º - Ir tomar café à noitinha, após um ensaio, e de volta ao carro tentam abri-lo com o comando, mas em vão. É aí que reparam que o carro está remexido e, imaginem, o vidro partido: FORAM ASSALTADOS! Mais? São os únicos no meio de 10 viaturas no mesmo parque.


E então? Que reacções tinham? Quebras de tensão? Atonicidade? Raiva? Compreensível...
Porém, quando passei pela última situação, com o calo que tinha das duas anteriores (e outras não descritas), a minha reacção foi de apatia. Chamei a polícia (2vezes) e (passados cerca de 40min.) apresentei queixa (o que demorou menos de 2min).

Um bem-haja à cidadania e serviços portugueses*.


*Salvo serviços prestados a cidadãos estrangeiros em caso de raptos mediáticos!